O presidente do PSD participou num almoço de trabalho, em Felgueiras, com empresários do setor que está a atravessar uma fase má. Alertou o Governo para a necessidade de implementar medidas de apoio e para a “excessiva carga fiscal que está a asfixiar as empresas e as famílias”.
Luís Montenegro alertou esta quinta-feira, em Felgueiras, que o setor do calçado está a atravessar um mau momento e por isso o Governo “tem de estar atento”.
O presidente do PSD, que participou com num almoço de trabalho com empresários do setor, na Cosmiknit, a única empresa da Europa de tricotagem para calçado, situada em Lagares, ouviu dos empresários as preocupações do momento.
“Há um sentimento de preocupação e também de esperança porque os empresários fazem um esforço para contrariar a situação. Neste momento, há quebra de encomendas e dificuldades financeiras, pelo que se impõe uma intervenção dos poderes públicos”, referiu em declarações ao Felgueiras Diário.
“Sinceramente, senti algum afastamento do Governo em relação a esta realidade e espero que a situação se possa corrigir no futuro”, declarou.
A indústria do calçado emprega milhares de pessoas em Felgueiras e exporta 95% da sua produção. Milhares de famílias dependem do setor e a fase negativa, com empresas em lay-off, leva a constrangimentos na gestão do orçamento familiar.
Carga fiscal pesada
“Há uma queixa que é recorrente que é a carga fiscal altíssima que asfixia as empresas, mas também as famílias e as pessoas”, frisou o líder do PSD.
“Sinto que há capacidade dos empresários em dar a volta à situação, porque existe não só conhecimento como muita paixão pelo que fazem, mas é preciso que as políticas públicas ajudem”, lembrou.
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Montenegro disse ainda que o Governo tem de alertar nas instâncias europeias para o facto de a concorrência asiática “ser desleal” em relação, por exemplo, a este setor. “Disputar o mercado com produtores que não têm as mesma exigências ao nível salarial, ao nível dos impostos e sem as mesmas exigências ambientais, resulta numa equação desfavorável para os interesses dos nossos empresários. O Governo tem de intervir ao nível europeu e alertar para este facto”, concluiu.
“A indústria de calçado é demasiado importante”
Por seu turno, Pedro Melo Lopes, presidente do PSD Felgueiras e deputado à Assembleia da República, referiu que “o setor do calçado está fragilizado e que a economia local depende em larga escala do setor, onde diariamente milhares de trabalhadores produzem sapatos com valor acrescentado para todo o mundo”.
“O Governo não tem uma política que ajude as empresas. O que se pede hoje é o alívio da carga fiscal, na tributação das horas extras, entre outros aspetos”, constatou.
Outro problema é a quebra de rendimento das famílias. “As famílias com os 70% do salário que recebem, se a empresa estiver em lay-off , não conseguem pagar os seus compromissos mensais e isso preocupa-nos muito. Em Espanha, paga-se a 100% e aqui não, o que é muito mais difícil para as famílias”.
“O setor do calçado precisa que se olhe para ele, porque é demasiado importante. Estamos preocupados e por isso viemos hoje ouvir os empresários”, terminou.
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