A arte e o talento fizeram de Rosa Sousa, uma referência. Mas, é também uma senhora acarinhada desde que chegou a Felgueiras há 50 anos…
Aos 85 anos de idade, Rosa Sousa, não só é a decana do maravilhoso mundo da pastelaria. É também uma senhora estimada e reconhecida em Felgueiras.
A história da sua vida começa em 1937 em Amarante junto ao Rio Tâmega, no lugar da Torre. Da sua infância recorda nostalgicamente as maratonas a nadar de uma margem para a outra com as suas amigas. Era o passatempo preferido da menina que depois teve de sair de casa dos pais para ir servir. Foi para perto. Serviu durante vários anos a D. Carminha Abreu, na Estradinha, e foi nesse lugar, às portas da Princesa do Tâmega, que conheceu aquele que viria a ser o seu futuro marido e pai do único filho que tem: Mário da Costa e Sousa, “Marito” para os mais próximos.
Era junho e as festas de Amarante decorriam. Rosa Sousa brincava com as colegas na estrada quando, de repente, surge no horizonte de um dia de sol e com calor, uma mota com dois homens provenientes de Felgueiras. Era o ‘Martito’ que depois de piscar o olho a uma outra rapariga, durante a festa, se deixou levar pela beleza da jovem Rosa Sousa, com quem viria a casar.
“Conheci o meu marido quando brincava na estrada, na Estradinha. Ele passou de mota e viu o grupo de raparigas onde eu estava a jogar a bola. Eu disse, para uma amiga, olha o moreninho que simpático. Mais tarde, fomos para a festa e ele falou comigo e quando veio embora já me trouxe. Depois rebentou a guerra do Ultramar e ele esteve uns meses sem aparecer. Não me faltavam pretendentes, modéstia à parte, porque era uma mulher bonita…mas ele voltou a aparecer e namorámos”, conta.
Namoraram sete anos. “Um dia telefonou para casa e a patroa disse que eu não estava. Eu disse-lhe que se não me deixava atender o telefone, ia-me embora. E assim foi. Vim para Felgueiras com ele”. Tinha 30 anos e a cozinha da Pensão Albano, gerida pelos sogros, esperava-a. Durante muitos anos ajudou a sogra nas lides da cozinha de uma casa referência de Felgueiras e foi aí que teve o primeiro contacto com os já saborosos pudins que eram elaborados com mestria. Com a cunhada, D. Mariazinha da Pensão Albano, colheu vários ensinamentos que viriam a ser determinantes para o sucesso.
O marido era um apaixonado pela doçaria. Um autodidata que fazia muitas experiências. “O meu marido sempre foi um curioso e gostava muito de pastelaria. Depois das partilhas, o Café Jardim ficou para nós e começamos a fazer os nossos pudins que já eram muito apreciados do tempo em que estava na Pensão”, lembra.
“Gostei sempre muito do que fazia. Ainda hoje tenho pena de não poder trabalhar, mas devido à idade não posso. Sou uma apaixonada pela doçaria e além disso gosto de conviver com as pessoas. Tinha muitos, muitos clientes mesmo. Desde pessoas simples até aos mais conhecidos pelos cargos que ocuparam. Enquanto trabalhei fiz sempre o que gostava de verdade”.
Estávamos nos anos 70. Era num espaço contíguo do Café Jardim que se faziam os pudins e outros doces. Entretanto, Rosa Sousa teve formação com o Chefe Silva na Escola de Hotelaria do Porto, aprimorando conhecimentos e técnicas que se haviam de revelar essenciais para o seu trabalho.
Em 1974, ela e o marido decidiram dedicar-se em exclusivo a esta atividade. O Café Jardim foi “passado” e foi criada a Doçaria Rosa Sousa. O negócio corria bem. E a fama chegava longe.
“Já vendíamos pudins para o Solar dos Presuntos, em Lisboa, e para os melhores restaurantes do Porto, que o meu marido conhecia bem porque todas as semanas íamos ao cinema, a várias salas ao Porto, porque ele era uma apaixonado pelo cinema. Isso ajudou a fazer crescer o negócio dos pudins e fiquei mesmo conhecida pela D. Rosa dos Pudins. Depois começaram a surgir outros doces como tartes e muitos outros e bolos para eventos festivos,”, conta.
Era um processo mais complexo do que hoje se pode imaginar. Implicava uma logística grande e muitas horas de trabalho, algo que não é estranho a quem “muitas vezes nem ia à cama porque tinha de trabalhar e ter tudo pronto a tempo e horas”.
Rosa Sousa não tem dúvidas em afirmar que a maior parte dos bolos de casamento e de outras festas do concelho foram feitos por si durante muitos anos, até porque havia pouca concorrência local. “Toda a gente vinha cá. Várias gerações de pessoas comeram bolos nos casamentos, comunhões e outras festas feitos por mim”.
Confessa-se uma apaixonada pela doçaria e sente-se uma mulher realizada. “Gostei sempre muito do que fazia. Ainda hoje tenho pena de não poder trabalhar, mas devido à idade não posso. Sou uma apaixonada pela doçaria e além disso gosto de conviver com as pessoas. Tinha muitos, muitos clientes mesmo. Desde pessoas simples até aos mais conhecidos pelos cargos que ocuparam. Enquanto trabalhei fiz sempre o que gostava de verdade”.
Figura simpática, de sorriso pronto e fácil, a D. Rosa admite que os felgueirenses gostam dela.
“Sempre fui muito acarinhada, sinto isso. Passo na rua e todas as pessoas me cumprimentam. Ainda bem. É sinal que gostam de mim, o que me deixa feliz. Nunca tive nenhuma reclamação”, afirma.
Os doces elaborados pela mão da D. Rosa sempre tiveram um segredo que a própria nos relevou: “têm de ser feitos com amor”.
Era uma grande Mulher, conheci desde garoto, Bj
Também gosto dessa profissão, e quando me pedem faço bolos para fora, quando me cruzo com quem me pediu eles perguntam: o que pões nos teus bolos? Eles são tão bons! E eu respondo, tem um ingrediente especial, um ingrediente que não se compra nem se VENDE, É FEITO COM MUITO AMOR E GRATIDÃO 🙏❤️Obrigada D. Rosa por ter revelado o seu ingrediente especial 💋❤️ Deus a abençoe e lhe dê muita saúde 🙏🙏🙏❤️❤️❤️💋🍀