Hoje o dia é, ao contrário do que a tradição popular indica, festivo. Celebram-se todos os Santos, aqueles que estão nos altares e todos os que já fizeram o caminho de encontro com Deus. Gente anónima que “já se encontrou com o Criador”. O Padre Carlos Felgueiras explica-nos o significado do dia de hoje, de Todos os Santos, e o de amanhã, dos Fiéis Defuntos.
A 1 de novembro celebra-se o Dia de Todos os Santos. Um dia festivo para a Igreja Católica e para os crentes. A tradição popular, com a habitual visita ao cemitério para lembrar os entes queridos já falecidos, tornou um dia que deveria ser de alegria, num dia triste, marcado pela saudade.
O Padre Carlos Felgueiras, 46 anos, que coordenou as Paróquias de Sendim, Jugueiros e Friande, e que está em ano sabático, explicou ao Felgueiras Diário o significado deste dia e também do de amanhã.
“Nestes dois dias, temos a celebração da totalidade do Mistério da Igreja, de todos os que foram batizados e percorrem o caminho de fé e de verdade ao encontro de Jesus Cristo”, começou por referir.
Neste dia 1 de novembro, de Todos os Santos, “é dia de festa imensa”, argumenta o sacerdote. “Celebramos uma multidão de gente como nós, que foram de carne e osso como nós, que tiveram até ‘bons’ pecados, mas que foram capazes de ser fiéis e fizeram o caminho de encontro com Deus”, acrescenta.
“Pensamos que a santidade é rezar muitos terços e fazer coisas fantásticas, mas às vezes a santidade é fazer coisas muitos pequeninas como remendar umas meias com carinho e descascar batatas para a sopa ao serviço do outro”.
“Neste dia 1, celebramos os Santos que estão no calendário devido à vida exemplar, mas também celebramos uma multidão que é feliz na presença de Deus. São tantos que não havia dias do ano que chegassem, nem conseguimos contá-los…Esses já estão onde a verdade é sempre verdade e a beleza não depende do tempo. Celebramos gente com o nosso nome e até com a nossa profissão, que fizeram capa de revista no seu tempo, por assim diver, e outros anónimos que chegaram ao encontro feliz com Deus”, reforça.
O Padre Carlos Felgueiras diz mais: “na família de cada um de nós pode haver um santo”.
E ser santo não é algo inatingível, garante. “Pensamos que a santidade é rezar muitos terços e fazer coisas fantásticas, mas às vezes a santidade é fazer coisas muitos pequeninas como remendar umas meias com carinho e descascar batatas para a sopa ao serviço do outro”.
Dia dos Fiéis Defuntos
No dia 2 de novembro, comemora-se o dia dos Fiéis Defuntos. “É um dia para relembrar uma multidão de gente que partiu à nossa frente e que ainda está a caminho do encontro com Deus. Nós rezamos para que possam encontrar-se com o Criador, e eles gente não deixam de nos amar e de também pedir ao Pai por nós. Eles, os que estão a caminho desse encontro com Deus, também rezam por nós, não nos devemos esquecer disso”, assegura o Sacerdote natural da Lixa.
Este é um dia que “traz saudade e uma lágrima no olho” e que nos faz refletir sobre “as questões existenciais”, lembra o Padre Carlos Felgueiras.
“Vamos ao cemitério para lembrar os nossos e recordamos também as nossas raízes”, observa. “Esta tradição acontece por norma no dia 1 de novembro porque é dia Santo e feriado dado que no dia 2 as pessoas estão a trabalhar e não podem fazer essa romagem”, recorda.
A celebração de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos remonta à alta Idade Média e tem origem, no calendário da Igreja Romana, “á sombra” dos Mosteiros Beneditinos, no século X.
São dois dias marcantes para os crentes e que devem ser “vividos com fé”.
O presente é um Presente de Deus
O dia de Todos os Santos e o dos Fiéis Defuntos são datas de grande significado para a Igreja Católica e estão profundamente enraizadas na tradição popular.
Resumindo: o dia 1 de novembro é de festa e o dia 2 de reflexão. E a este propósito, o Padre Carlos deixa ficar uma frase para que possamos meditar.
“O presente é um dom que Deus nos dá. É um Presente que Deus nos oferece diariamente”.